Você contribui com o teto do INSS, mas ainda se pergunta: “Isso realmente vai garantir uma boa aposentadoria?” Ou então: “Por que pago tanto e, mesmo assim, posso receber bem menos do que imagino?”.
Essas dúvidas são mais comuns do que parecem — e estão longe de serem infundadas.
Para receber o benefício máximo, é preciso anos de contribuição no limite superior e o cumprimento de uma série de regras. E, ainda assim, o valor final pode ser menor, dependendo da média das contribuições ao longo da vida.
Neste artigo, vamos explicar:
- como funciona o teto do INSS
- quem pode alcançá-lo
- quais são as regras para cada tipo de segurado
- o que fazer para se aposentar com o valor mais alto possível
Se você já contribui ou pretende começar, este conteúdo vai te ajudar a entender seus próximos passos. Vamos lá?
O que é o teto do INSS?
O teto do INSS é o valor máximo que uma pessoa pode receber de qualquer benefício pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social. Isso vale para aposentadorias, auxílios e pensões. Nenhum pagamento ultrapassa esse limite.
Quem tem direito ao teto do INSS?
Quem contribuiu no teto do INSS e preenche os requisitos para uma aposentadoria com valor integral tem chance de se aposentar com o valor máximo pago pelo Instituto.
Mas isso depende de dois pontos: a média dos salários precisa ser igual ao teto previdenciário e o tipo de aposentadoria deve garantir 100% dessa média. Só assim, o benefício atinge o valor máximo.
Se você é empregado ou trabalhador avulso, precisa ter uma remuneração mensal igual ou superior ao teto do INSS.
Contribuinte individual deve declarar rendimentos nesse patamar e recolher sobre eles. Já o contribuinte facultativo precisa optar por contribuir com 20% sobre o teto. Caso contrário, não tem como atingir o valor máximo.
Mesmo assim, ter a média no teto não garante o benefício integral. Você ainda precisa cumprir os critérios de uma aposentadoria que pague 100% da média.
Atenção: quem atingiu os requisitos antes da Reforma da Previdência pode usar as regras antigas, se forem mais vantajosas. Isso se chama direito adquirido.
Como é feito o reajuste do teto do INSS?
Há um aumento no teto do INSS todos os anos. A mudança acompanha os reajustes do salário mínimo e da inflação.
O teto do INSS é reajustado tendo como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC –, mensurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
Ele corrige o poder de compra dos salários, incluindo aposentadoria e os demais benefícios, conforme o aumento do valor dos produtos e serviços no Brasil.
Isso significa que, se em um ano, os produtos e serviços tiveram uma alta muito grande, o INPC será proporcional a esse aumento. O objetivo é que os beneficiários do INSS não percam o seu poder de compra.
Como ficou o teto do INSS depois da Reforma da Previdência?
Depois da Reforma da Previdência, ficou mais difícil receber o teto do INSS. A medida alterou o Período Base de Cálculo (PBC), sendo este o tempo que você contribuiu durante a sua vida.
A partir de 13 de novembro de 2019, quem se aposentar terá o PBC calculado em cima da média de todas as suas contribuições desde julho de 1994.
Agora, todos os salários de contribuição entram no cálculo do benefício, inclusive os 20% menores. Na prática, quem quiser alcançar o valor máximo precisará contribuir sempre com base no teto anual do INSS.
Além disso, a maioria das aposentadorias aplica um redutor após feito o PBC.
Os requisitos do cálculo vão variar conforme o gênero do beneficiário.
Para os homens
O cálculo para os homens será de 60% da média de todos os salários de contribuição desde julho de 1994 + 2% ao ano de contribuição acima de 20 anos.
Para ele conseguir 100% do valor de todos os salários de contribuição, terá que contribuir durante 40 anos.

Para as mulheres
O cálculo para as mulheres será de 60% da média de todos os salários de contribuição desde julho de 1994 + 2% ao ano de contribuição acima de 15 anos.
Para ela conseguir 100% do valor de todos os salários de contribuição, terá que contribuir durante 35 anos.
Qual deve ser o valor da contribuição para receber o teto do INSS?
O valor da contribuição para receber o teto do INSS deve ser igual ou maior que o valor máximo. Como contribuir para isso, vai depender de qual tipo de segurado você é.
Empregados, empregados domésticos e trabalhadores avulsos não contribuem de forma independente. É a empresa que realiza a contribuição, logo, não poderão simplesmente complementar o valor da contribuição ao INSS.
Será preciso recolher o valor adicional como contribuinte individual ou MEI – Microempreendedor Individual.
Para quem já é contribuinte individual ou MEI, é necessário apenas que o beneficiário contribua com 20% sobre o valor do teto do respectivo ano.
Em 2025, é necessário contribuir com 20% de R$ 8.157,41, sendo igual a R$ 1.631,48 por mês.
O pagamento deve ser feito até completar o tempo de contribuição necessário para se aposentar. Como o teto é atualizado anualmente, todo ano será necessário recolher um novo valor de contribuição.
Quem recebe mais que o teto do INSS precisa pagar quanto?
Quem ganha acima do teto do INSS paga a contribuição sobre o valor do teto, e não sobre o salário total.
O teto do INSS conforme o tipo de segurado
Existem dois tipos de segurados no INSS: o segurado obrigatório e o segurado facultativo. Entenda o que é e quem se encaixa em cada uma dessas categorias, e também as diferenças quanto ao recebimento do teto da aposentadoria do INSS.
Segurado obrigatório
O segurado obrigatório é aquele que tem algum tipo de vínculo de trabalho e recebe qualquer tipo de remuneração. Esse segurado é obrigado a contribuir para a Previdência Social.
Nessa categoria, entram os empregados registrados na CLT; contribuintes individuais; Microempreendedores Individuais (MEIs); empregados domésticos; segurados especiais e trabalhadores avulsos.
A alíquota de contribuição depende do salário recebido, conforme a tabela abaixo:
Tabela contribuições INSS 2025 | |||
Salário | Alíquota | Parcela a deduzir | Contribuição final ao INSS |
Até R$ 1.518 | 7,5% | R$ 0,00 | R$ 113,85 |
De R$ 1.518,01 a R$ 2.793,88 | 9% | R$ 22,77 | R$ 113,85 a R$ 228,68 |
De R$ 2.793,88 a R$ 4.190,83 | 12% | R$ 106,59 | R$ 228,68 a R$ 396,31 |
De R$ 4.190,83 a R$ 8.157,41 | 14% | R$ 190,40 | R$ 396,32 a R$ 951,64 |
Quem recebe menos que o teto do INSS, terá que contribuir de forma independente como contribuinte individual ou MEI.
Quem recebe igual ou superior ao limite de contribuição do INSS não precisa fazer nada. A empresa já está contribuindo com base nesse valor.
Os Microempreendedores Individuais contribuem com 5% do salário mínimo, mas existe a opção de o MEI realizar a complementação, podendo contribuir com 20% sobre o teto.
Os segurados especiais não contribuem de forma direta para o INSS. Os produtores rurais, por exemplo, contribuem com uma porcentagem do valor dos produtos vendidos descontado na nota fiscal da própria venda.
Por lei, essa categoria recebe a aposentadoria no valor de um salário mínimo por mês. Ou seja, não podem se aposentar com o teto do INSS.
Segurado facultativo
O segurado facultativo é aquele que não tem um vínculo de trabalho, mas que quer contribuir para a Previdência.
Geralmente, são pessoas desempregadas que não querem atrasar a aposentadoria ou perder a qualidade de segurado, ou até estudantes que querem já iniciar a contribuição.
Assim como os contribuintes individuais, o segurado facultativo contribui com a alíquota de 20% em cima de um valor entre o salário mínimo e o teto do INSS.
Ele também pode recolher uma alíquota de 11% em cima do valor do salário mínimo ou, em caso de baixa renda, uma alíquota de 5% sobre o valor do salário mínimo.
Em ambos os casos, o contribuinte terá direito apenas à aposentadoria por idade, com o benefício de um salário mínimo. Ele também goza do direito a outros benefícios não programáveis, como auxílio-doença e salário-maternidade.

Como os salários da contribuição com o teto do INSS sofrem reajustes?
Em 2025, o aumento nos salários de contribuição vinculados ao teto previdenciário foi de 4,77%, seguindo a variação acumulada do INPC de 2024.
A atualização do teto também leva à revisão da tabela de alíquotas. As faixas salariais mudam, assim como os percentuais aplicados em cada uma.
Existem formas de aumentar o valor da aposentadoria?
Sim, existem.
Principais formas de aumentar o valor da aposentadoria:
- Contribuir por mais tempo: quem continua pagando ao INSS mesmo após atingir os requisitos mínimos pode aumentar o valor final do benefício.
- Aumentar o valor das contribuições: contribuições maiores elevam a média salarial usada no cálculo da aposentadoria.
- Reconhecer tempo especial: períodos de trabalho em atividades insalubres ou perigosas podem ser convertidos e somados ao tempo comum.
- Revisar o benefício: quem já se aposentou pode verificar se houve erro no cálculo ou algum período não reconhecido.
Mas vale lembrar: nenhuma dessas opções permite receber acima do teto do INSS.
Para saber mais sobre contribuições, revisões ou tempo especial, o site do Meu INSS é um bom ponto de partida.
Mas, se surgirem dúvidas sobre os requisitos ou sobre como aumentar o valor da aposentadoria, contar com um especialista em direito previdenciário pode ser a escolha mais segura.
Conclusão
Agora que você entendeu sobre o teto do INSS, deve ter percebido que, para ter direito ao valor máximo, precisa pagar um valor de contribuição bem alto todos os meses.
Mas pode ser que isso valha a pena no seu caso. Afinal, se aposentar com valores altos é não precisar se preocupar com dinheiro no futuro.
O INSS tem a obrigação legal de orientar os segurados e conceder o melhor benefício possível para cada caso, mas nem sempre isso acontece.
Então, ter um planejamento previdenciário e um acompanhamento com advogado especialista pode te ajudar na busca por uma aposentadoria melhor.
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