O valor da aposentadoria do médico pode parecer um quebra-cabeça difícil de montar, principalmente com tantas regras diferentes e mudanças recentes.
Você já se pegou tentando entender quanto vai receber no futuro e acabou mais confuso do que no plantão da madrugada? Após anos de rotina intensa e exposição a riscos, o que o médico mais quer é ter certeza sobre o que esperar para a sua aposentadoria.
Se essa incerteza já te deixou preocupado, este texto vai ajudar. Aqui, você verá:
- Como funciona a aposentadoria dos médicos
- Regras antes e depois da reforma da previdência
- Critérios para ter direito à aposentadoria especial
- Cálculo do valor da aposentadoria do médico conforme tipo de vínculo (CLT, autônomo ou servidor público)
- Diferenças nas contribuições previdenciárias para cada categoria
Leia o conteúdo e descubra tudo o que você precisa para planejar sua aposentadoria!
Como funciona a aposentadoria do médico?
A aposentadoria do médico funciona de forma diferente da maioria das outras profissões. Isso acontece porque a atividade médica expõe o profissional a agentes nocivos à saúde, como vírus, bactérias e fungos.
Esse risco constante justifica o direito à aposentadoria especial. Esse tipo de aposentadoria é concedido a quem trabalha exposto a condições que podem comprometer a saúde com o tempo — e, no caso dos médicos, esse contato é quase inevitável.
Requisitos para um médico se aposentar
Nem sempre o caminho até a aposentadoria de médico é simples. A profissão dá direito à aposentadoria especial, mas isso não significa que o processo seja automático ou vantajoso em todos os casos.
Desde a reforma da previdência, o cenário mudou — e entender o que vale antes e depois dela é fundamental.
Antes da reforma da previdência
Até 13 de novembro de 2019, o médico precisava comprovar apenas 25 anos de atividade com exposição a agentes nocivos para garantir a aposentadoria especial. Sem exigência de idade mínima ou sistema de pontos.
Ou seja, um médico que começou a atuar aos 30 anos já podia se aposentar aos 55, desde que mantivesse vínculo com atividades consideradas especiais durante todo esse período.
Quem completou 25 anos de contribuição antes da reforma tem direito adquirido. Mesmo que só peça a aposentadoria agora, pode se aposentar pelas regras antigas.
Depois da reforma
Após a reforma, a aposentadoria especial passou a exigir mais do que tempo de contribuição.
Agora, médicos que não completaram os 25 anos de atividade especial até 13/11/2019 devem cumprir dois requisitos: 25 anos de trabalho em condições especiais e uma pontuação mínima.
Essa pontuação funciona assim: soma-se a idade com o tempo de contribuição. Para ter direito à aposentadoria especial, o médico precisa alcançar 86 pontos.
Já quem começou na profissão depois da reforma vai precisar de 25 anos de atividade especial e ter pelo menos 60 anos.
Nesse caso, o sistema de pontos não se aplica, pois se trata de uma regra de transição apenas para quem já atuava antes da reforma.
Será que essas mudanças interferem no valor da aposentadoria do médico? Descubra a seguir!

Qual o valor da aposentadoria de um médico?
Veja abaixo um resumo das regras e da base de cálculo do valor da aposentadoria do médico conforme o tipo de vínculo profissional.
Valor da aposentadoria do médico (a partir de 13/11/2019) | ||
Categoria | Regra | Base de cálculo |
Médico CLT (atividade especial) | Aposentadoria especial com requisitos de tempo e exposição a agentes nocivos | Média de todos os salários desde julho de 1994. Aplicam-se 60% + 2% para cada ano que exceder 20 anos (homem) ou 15 anos (mulher). |
Médico autônomo (atividade especial) | Mesma regra da aposentadoria especial aplicada ao CLT. | Igual à do médico CLT, com base na média de todos os salários e aplicação de percentuais conforme tempo excedente. |
Médico autônomo (sem comprovação de atividade especial) | Regra comum de aposentadoria por tempo de contribuição e idade | Média de todos os salários desde julho de 1994, com aplicação de percentual conforme tempo total de contribuição (sem contagem especial). |
Médico servidor público (Regime Próprio) | Regra varia conforme o regime e data de ingresso no serviço público; pode haver regras de transição ou previdência complementar | Média de todas as contribuições, com aplicação de alíquota progressiva conforme tempo de contribuição. Sujeito a teto e previdência complementar. |
Médico servidor público (vinculado ao INSS) | Seguem as mesmas regras dos médicos autônomos ou CLT, sem benefícios de regime próprio | Média de todos os salários desde julho de 1994, com percentual de 60% + 2% a cada ano que exceder o tempo mínimo (20 anos homem / 15 anos mulher). |
Parece complexo demais? Um advogado especialista em aposentadoria pode te ajudar a tirar todas as dúvidas sobre o seu caso.
Qual deve ser o valor da contribuição do médico?
O valor da contribuição varia conforme o vínculo do médico com a Previdência. E isso impacta diretamente no valor da aposentadoria do médico. Quem é empregado tem regras diferentes de quem atua como autônomo, prestador de serviços ou servidor público.
Por isso, o ideal é olhar cada caso com atenção para evitar contribuições desnecessárias e também para não comprometer o valor da aposentadoria do médico no futuro.
Médico empregado (CLT)
Médicos contratados com carteira assinada contribuem conforme a tabela progressiva do INSS. A alíquota muda de acordo com cada faixa de salário, e não sobre o total da remuneração. Veja:
O desconto mensal é calculado por faixas. Se um médico recebe R$ 10 mil, por exemplo, ele não contribui com 14% sobre todo o valor. O cálculo será feito sobre cada faixa até o limite de R$ 8.157,41 (teto do INSS em 2025).

Médico contribuinte individual
Aqui entram os médicos que atuam como prestadores de serviço, têm CNPJ com pró-labore ou trabalham por conta própria. As regras mudam conforme o tipo de contribuição:
- Pró-labore ou prestação de serviço (sem vínculo CLT): 11% sobre o valor da remuneração, limitado ao teto do INSS.
- Plano simplificado (para quem trabalha por conta própria): 11% sobre o salário mínimo. Nesse caso, o valor da aposentadoria do médico será limitado a um salário mínimo e não garante aposentadoria por tempo de contribuição.
- Plano normal: 20% sobre a renda mensal, também limitado ao teto. Aqui, o médico garante acesso à aposentadoria por tempo de contribuição e benefícios mais vantajosos.
Médico servidor público (regime próprio)
A reforma da previdência mudou as regras e criou uma tabela progressiva semelhante à do INSS, mas com alíquotas mais altas para salários maiores. Confira a tabela válida para servidores federais em 2025:

Os estados e municípios também passaram a adotar essas alíquotas, exceto em casos que não há déficit no Regime Próprio. Se não houver esse déficit, as alíquotas mínimas devem seguir as do INSS.
Cálculo aposentadoria de médico: exemplo do Dr. Rafael
O Dr. Rafael é um médico CLT que começou a contribuir para o INSS em janeiro de 2020, depois da Reforma da Previdência. Desde o início da carreira, ele atua em ambiente hospitalar exposto a agentes biológicos, o que caracteriza atividade especial.
Como começou a contribuir após a reforma, ele não tem direito às regras antigas. Nesse caso, para se aposentar, precisará cumprir dois requisitos: ter no mínimo 60 anos e pelo menos 25 anos de contribuição exclusiva em atividade especial.
Em janeiro de 2025, ele soma 5 anos e 1 mês de contribuição e tem 38 anos de idade. Embora esteja longe de se aposentar, ele já pensa no valor da aposentadoria do médico e pretende fazer um planejamento previdenciário.
Supondo que ele atinja os 25 anos de contribuição especial em 2045, com uma média salarial de R$ 7.500, o valor da aposentadoria dele será de 70% dessa média, já que o cálculo atual considera 60% + 2% para cada ano que excede 20 anos de contribuição.
Nesse caso, ele receberia R$ 5.250 por mês.
Se você, assim como o Dr. Rafael, está pensando em planejar sua aposentadoria, contar com a orientação de um especialista em direito previdenciário pode fazer toda a diferença na escolha do melhor caminho.
Conclusão
O valor da aposentadoria do médico depende de vários fatores, como o tipo de vínculo profissional, o tempo de contribuição e as regras específicas vigentes antes ou depois da reforma da previdência.
Além das condições especiais pela exposição a agentes nocivos, o cálculo do benefício também leva em conta a média salarial e as alíquotas de contribuição. Esses números variam entre empregados, autônomos e servidores públicos.
Entender essas particularidades ajuda a definir uma estratégia adequada para garantir uma aposentadoria mais vantajosa.
Por isso, acompanhar as mudanças nas normas e contar com a ajuda de um especialista são passos importantes para que o médico tenha segurança na hora de planejar sua aposentadoria.Aprendeu a calcular o valor da aposentadoria do médico? Acompanhe o blog da CMP Prev e saiba mais sobre os direitos previdenciários dos profissionais da saúde.